Dom Quixote de la Marlene

Dom Quixote de La Mancha é um marco da literatura espanhola e essa fascinante história nos mostra o quanto à paixão pela leitura pode nos fazer sair da mesmice do dia-a-dia e nos levar por uma incrível viagem pelo mundo.

As aventuras de Dom Quixote já foram contadas e recontadas de diversas maneiras e inspiraram também inúmeros cordelistas brasileiros que, por meio dessa belíssima manifestação da nossa cultura, a Literatura de Cordel, nos fizeram viajar.

Este blog, inicialmente, tem a finalidade de abastecer os alunos da escola Marlene Pereira Santiago com informações sobre Dom Quixote, Cordel, Xilogravura e outras coisas relacionadas para que eles possam produzir suas versões da história de Miguel de Cervantes e, na brilhante linguagem do Cordel, façam suas próprias viagens.

Professora Nice e Professor César

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Xilogravura caseira

Faça a sua gravura
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A ideia, desde o começo, era fazer algo que se aproximasse do que costumamos ver nos cordéis. E a partir dos anos 1950, a xilogravura é a técnica mais comum dos livretos. Ah, a “xilo” é um tipo de gravura feita na madeira. Você esculpe um desenho e depois carimba o papel. A parte em alto relevo vem com a tinta. E a parte afundada (que é a do desenho) aparece em branco. Isso é que dá forma ao trabalho.
Como a arte não tem limites, convidamos a artista plástica e educadora Fernanda Simionato para ensinar aqui uma técnica incrível e muito simples de fazer. É a gravura alternativa, um jeito que “imita” a xilogravura, mas na verdade é uma impressão feita com isopor.
Você vai precisar de:
- Guache de várias cores
- Folhas brancas e coloridas
- Pincéis
- Um rolinho de espuma
- Tesoura
- Bandejinhas de isopor (daquelas de frios)
- Palito de churrasco ou lápis
Agora veja, passo a passo, como é fácil e divertido!
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Passo 1: Tire as bordas da bandejinha. Depois, desenhe o que quiser com um palito de churrasco ou um lápis. Você não precisa marcar os traços com cor (aí na foto a cor preta aparece apenas para sinalizar os traços para você, aqui nas instruções). O que você precisa fazer é afundar bem o palito, ou o lápis) para fixar o desenho no isopor.
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Passo 2: Com a ajuda do rolinho de espuma, espalhe o guache por toda a bandeja.
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Passo 3: Depois de ter preenchido a bandeja inteirinha, pegue uma folha e a pressione, com as mãos, sobre a parte pintada. Devagar, puxe a folha e veja como a impressão sai perfeita, como se fosse mesmo uma xilo.
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Passo 4: Se quiser inventar ainda mais, corte as bordas em triângulos e, com o pincel, pinte cada parte de uma cor.
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Passo 5: Faça o mesmo processo de puxar o papel devagar e veja que figura diferente você criou!
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Passo 6: Também dá para pintar tudo de uma cor só e imprimir em um papel colorido! Crie, invente, faça o que quiser e encha sua casa de cores! Para secar bem, você pode espalhar pela mesa ou, quem sabe, pendurar no varal como se fosse uma exposição de xilo. Divirta-se!

DOM QUIXOTE EM CORDEL

Uma oficina de construção de texto em cordel com educandos da EJA - Escola Municipal João Mendonça, 05 de maio de 2008 - Teixeira de Freitas - Bahia

Vou contar uma estória
de um cabra bem aluado
que dentro de sua memória
viajou prá todo lado,
com seu escudeiro Sancho,
um amigo abençoado,
além do fiel rompante,
chamado aqui Rocinante,
cavalo bem adestrado.

Bem, agora vou dizer,
igual Cervantes falou,
Quixote tinha uma lança
e até espada empunhou.
Coitado mesmo do Sancho,
que prá rimar ponho Pança,
bagagem toda levou.

O Cavaleiro Andante
é título que o consagrou,
montado em seu Rocinante
Europa inteira andou,
com o seu contagiante
bom humor e muito astral,
pois para ele: alegria
era lutar contra o mal.

Vivendo seu grande sonho
de aventuras sem fim,
parando de vez em quando
prá descansar um
“cadim”,
Dom Quixote em sua andança
deparou com um grande mal:
e aquela visão intrigante
para ele era um gigante
de aspecto colossal.

Porém sua vista falhava
e aquela visão que intrigava,
sem encontrar outra igual,
de vento era um moinho
que encontrou no caminho
que dava num milharal.

Entre uma aventura e outra
o nosso herói suspirava
a falta da Dulcinéia,
donzela que ele amava,
de um perfume tão doce
que qualquer um se encantava.

Dulcinéia e Dom Quixote
seu grande amor celebrou
em toda localidade
por onde o herói caminhou,
dando exemplo de amizade,
coragem, força e bondade
em tudo que enfrentou.

Dom Quixote de La Mancha
assim ele era chamado
e nas andanças com Pança
sempre foi homem honrado,
e com extrema alegria
bravura e simpatia
a todos tem inspirado.

Resta ainda um detalhe,
perdoem pela demora,
pois vale a pena dizer,
ainda que nesta ora:
o nosso herói Cavaleiro,
tal título em fim conquistou,
do jovem, adulto a criança,
que junto com Sancho Pança,
sempre gentil ajudou.

Organizado por Joanilton R. dos Santos e Silvio S. Santana, Acadêmicos do curso de Pedagogia da UNEB/CAMPUS X. Teixeira de Freitas - BA, 06/06/2008

http://recantodasletras.uol.com.br/cordel/1030630

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Literatura de Cordel e Literatura Oral

Literatura de Cordel: folheto ilustrado com xilogravura

O que é e origem
A literatura de cordel é uma espécie de poesia popular que é impressa e divulgada em folhetos ilustrados com o processo de xilogravura. Também são utilizadas desenhos e clichês zincografados. Ganhou este nome, pois, em Portugal, eram expostos ao povo amarrados em cordões, estendidos em pequenas lojas de mercados populares ou até mesmo nas ruas.

Chegada ao Brasil
A literatura de cordel chegou ao Brasil no século XVIII, através dos portugueses. Aos poucos, foi se tornando cada vez mais popular. Nos dias de hoje, podemos encontrar este tipo de literatura, principalmente na região Nordeste do Brasil. Ainda são vendidos em lonas ou malas estendidas em feiras populares.
De custo baixo, geralmente estes pequenos livros são vendidos pelos próprios autores. Fazem grande sucesso em estados como Pernambuco, Ceará, Alagoas, Paraíba e Bahia. Este sucesso ocorre em função do preço baixo, do tom humorístico de muitos deles e também por retratarem fatos da vida cotidiana da cidade ou da região. Os principais assuntos retratados nos livretos são: festas, política, secas, disputas, brigas, milagres, vida dos cangaceiros, atos de heroísmo, milagres, morte de personalidades etc.
Em algumas situações, estes poemas são acompanhados de violas e recitados em praças com a presença do público.
Um dos poetas da literatura de cordel que fez mais sucesso até hoje foi Leandro Gomes de Barros (1865-1918). Acredita-se que ele tenha escrito mais de mil folhetos. Mais recentes, podemos citar os poetas José Alves Sobrinho, Homero do Rego Barros, Patativa do Assaré (Antônio Gonçalves da Silva), Téo Azevedo. Zé Melancia, Zé Vicente, José Pacheco da Rosa, Gonçalo Ferreira da Silva, Chico Traíra, João de Cristo Rei e Ignácio da Catingueira.
Vários escritores nordestinos foram influenciados pela literatura de cordel. Dentre eles podemos citar: João Cabral de Melo, Ariano Suassuna, José Lins do Rego e Guimarães Rosa.

Literatura Oral
Faz parte da literatura oral os mitos, lendas, contos e provérbios que são transmitidos oralmente de geração para geração. Geralmente, não se conhece os autores reais deste tipo de literatura e, acredita-se, que muitas destas estórias são modificadas com o passar do tempo. Muitas vezes, encontramos o mesmo conto ou lenda com características diferentes em regiões diferentes do Brasil. A literatura oral é considerada uma importante fonte de memória popular e revela o imaginário do tempo e espaço onde foi criada.
Muitos historiadores e antropólogos estudam este tipo de literatura com o objetivo de buscarem informações preciosas sobre a cultura e a história de uma época. Em meio a ficção, resgata-se dados sobre vestimentas, crenças, comportamentos, objetos, linguagem, arquitetura etc.
Podemos considerar como sendo literatura oral os cantos, encenações e textos populares que são representados nos folguedos.
Exemplos de mitos, lendas e folclore brasileiro: Saci-Pererê, curupira, boto cor de rosa, caipora, Iara, boitatá, lobisomem, mula-sem-cabeça, negrinho do pastoreio.

O que é Literatura de Cordel?

Literatura de Cordel
É poesia popular,
É história contada em versos
Em estrofes a rimar,
Escrita em papel comum
Feita pra ler ou cantar.

A capa é em xilogravura,
Trabalho de artesão,
Que esculpe em madeira
Um desenho com ponção
Preparando a matriz
Pra fazer reprodução.

Mas pode ser um desenho,
Uma foto, uma pintura,
Cujo título, bem à mostra,
Resume a escritura.
É uma bela tradição,
Que exprime nossa cultura.

7 sílabas poéticas,
Cada verso deve ter
Pra ficar certo, bonito
E a métrica obedecer,
Pra evitar o pé quebrado
E a tradição manter.

Os folhetos de cordel,
Nas feiras eram vendidos,
Pendurados num cordão
Falando do acontecido,
De amor, luta e mistério,
De fé e do desassistido.

A minha literatura
De cordel é reflexão
Sobre a questão social
E orienta o cidadão
A valorizar a cultura
E também a educação.

Mas trata de outros temas:
Da luta do bem contra o mal,
Da crença do nosso povo,
Do hilário, coisa e tal
E você acha nas bancas
Por apenas um real.

O cordel é uma expressão
Da autêntica poesia
Do povo da minha terra
Que luta pra que um dia
Acabem a fome e miséria,
Haja paz e harmonia.

Francisco Diniz

A Verdadeira História de Dom Quixote

DOM QUIXOTE


De Miguel de Cervantes, Adaptado por Michael Harrison

Síntese da Obra (Resumo e comentário da editora Ática) 
De tanto ler historias de cavalaria, um ingênuo fidalgo espanhol passa a acreditar piamente nos efeitos heróicos dos cavaleiros medievais e decide se tornar, ele também, um cavaleiro andante. Para tanto, recorre a uma armadura enferrujada que fora de seu bisavô, confecciona uma viseira de papelão e se auto-intitula Dom Quixote de La Mancha. Como todo cavaleiro, ele precisa de uma dama a quem honrar. Elege então uma lavradora que só conhece de vista e a chama de Dulcinéia.Depois de tomar essas providências, monta em seu decrépito cavalo Rocinante e foge de casa em busca de aventuras.

Após um dia inteiro de caminhada sob o sol, depara com uma estalagem, que em sua mente perturbada se converte num castelo, onde pede para ser ordenado cavaleiro pelo estalajadeiro, que quase não consegue conter o riso. No dia seguinte, ao investir contra o grupo de comerciantes que vê como adversários, cai de rocinante e tem seu corpo moído por pauladas. Um conhecido da aldeia encontra o cavaleiro, entre gemidos e lamentos, e o conduz novamente à sua casa.Seguindo aos conselhos do Pe. Tomás e do barbeiro Nicolau, a ama e a sobrinha queimam seus livros e lacram a porta da biblioteca.

Enquanto todos acham que a estratégia da destruição dos livros havia sido um sucesso, Dom Quixote, pensando tratar-se de uma magia de algum cruel feiticeiro, resolve voltar à aventura, agora acompanhado do escudeiro Sancho Pança: um ingênuo e materialista lavrador, que aceita seguir o fidalgo pela promessa de uma ilha para governar.

As viagens se sucedem sob a alucinação de quem está vivendo no tempo da cavalaria. Em suas andanças, Dom Quixote encontra moinho de vento que confunde com gingantes. Arremete contra um dos moinhos, cujas pás, devido a um vento mais forte, lançam o cavaleiro para longe.O escudeiro socorre seu mestre. Dom Quixote não dando o braço a torcer, diz que o feiticeiro, ao notar que o cavaleiro estava vencendo, transformou os gigantes em moinhos.

Mas adiante confundindo dois rebanhos de carneiros com exército de inimigos, avança contra os animais e mais uma vez é surrado, pelos pastores; além de ser pisoteado pelas ovelhas. No chão em meio ao estrume dos animais, ferido e desdentado, recebe do escudeiro a alcunha de O Cavaleiro da Triste Figura.

No desejo de combater as injustiças do mundo e homenagear sua dama, o nobre e patético personagem segue viagem enfrentando situações supostamente perigosas e sempre radículas: imagina gigantes em rodas-d`águas; vê um cavaleiro de elmo dourado em um barbeiro; ajuda criminosos a fugirem, pensando estar libertando escravos. De suas desventuras, restam-lhes sempre os enganos, as surras, as pedradas e as pauladas.

À beira da estrada, o cavaleiro da triste figura e seu fiel escudeiro encontram abrigo e deparam com o Pe. Tomás e o barbeiro Nicolau, amigos da aldeia onde moram e que estão à sua procura. Os dois convencem Sancho a ajudá-los e acabam levando, mais uma vez, e agora enjaulado, Dom Quixote para casa. Lá, cansado doente e abatido pelos reveses e pelas surras que levara, o fidalgo sossega. Até receber a visita do bacharel Sansão, que traz consigo um livro narrando As estranha aventuras de Dom Quixote. Com a fama, o cavaleiro tem seu espírito aventureiro revigorado e mais uma vez, convencendo Sancho Pança a companhá-lo, parte para a estrada, ainda guiado pelo amor de Dulcinéia, e pelo desejo de vencer o perverso feiticeiro e, com ele, as injustiças do mundo.

Em Toboso, à procura de sua amada, Dom Quixote encontra três lavradoras montadas em asnos, carregando repolhos para o mercado. Sancho diz que se trata de Dulcinéia e suas damas de companhia, tentando convencer Dom Quixote. Ao se ajoelhar diante de sua sonhada dama, o cavaleiro leva uma repolhada na cabeça. Sancho diz se tratar de um anel de esmeralda enfeitiçado em repolho, e Dom Quixote guarda a “prenda” na bolsa, duvidoso, todavia satisfeito.

Disfarçado em cavaleiro dos Espelhos, o baixinho Sansão desafia Dom Quixote, no intuito de levá-lo para casa e, com isso, agradar a sobrinha do fidalgo. Mas, traído por seu cavalo, que prefere comer grama ao duelar, perde o combate. Adiante, Dom Quixote encontra um duque e uma duquesa que, por já terem lido o livro com suas aventuras, resolvem se divertir à custa da dupla: disfarçado em feiticeiro Merlin, o duque inventa um suposto cavalo mágico de madeira que levaria Dom Quixote até o perverso feiticeiro. Vendam o cavaleiro e o escudeiro sobre a “mágica montaria” e chacoalham o cavalinho de balanço, enquanto os dois pensam estar voando. Ao atear fogo no rabo do cavalo, recheados de fogos de artifício, o cavaleiro e o escudeiro são lançados à distância.

Seguindo viagem, com mais alguns arranhões, Dom Quixote e Sancho Pança ouvem um grito assustador, É o cavaleiro da lua cheia (na verdade, Sanção, agora mais bem preparado e decidido). Que desafia O cavaleiro da Triste Figura: quem perder o combate terá de pôr fim à sua vida de cavaleiro andante. Sanção vence, o fidalgo volta ao lar. No final da história, recuperando a razão, Dom Quixote renuncia aos romances de cavalaria e morre como um piedoso cristão.

http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=resumos/docs/quixote2